Estudo comprova que mais de 90% das escolas angolanas estão sem condições para regresso às aulas
Duas organizações não-governamentais estiveram a estudar as escolas angolanas de mais de oito províncias e puderam aferir que mais de 90% destas não têm condições para o regresso às aulas em segurança face à ameaça de covid-19.
As duas ONG’s recomendam adoção de medidas para o abastecimento regular de água.
O estudo em questão foi realizado pelo Mosaiko — Instituto para a Cidadania e a Rede de organizações da sociedade civil de Educação para Todos (Rede EPT-Angola) e foi ontem disponibilizado à Agência Lusa.
Foram visitadas 70 escolas de nove províncias, entre julho e agosto deste ano.
Entretanto, o que se descobriu foi que as condições não são as melhores.
A falta de água foi apontada como principal razão para as escolas inquiridas do ensino primário e 1.º ciclo fossem consideradas como “sem condições” para a retoma das actividades lectivas.
Ao todo são 54 escolas (93%), que se mostraram incapazes por questões como número insuficiente de torneiras disponíveis e a falta de casas de banho.
Apenas cinco escolas responderam estar preparadas: duas escolas comparticipadas, em Luanda, e três estabelecimentos públicos (duas na Huíla e uma no Bengo).
Mais de 50% das escolas não têm água canalizada e 79% têm fontes alternativas, como tanque ou cacimba (poço).
Por isso, as duas ONG’s recomendam que o Estado crie condições para o abastecimento regular de água nas escolas.

Bem como, o aumento do número de torneiras ou criação de sistemas alternativos de lavagem de mãos com água e sabão.
A criação de casas de banho funcionais também foi defendida pela Rede EPT-Angola e o Mosaiko.
Ademais, as organizações destacaram que o número de funcionários de limpeza deve ser reforçado.
E o “material de higienização e biossegurança” foi referido como essencial para se evitar o contágio entre os estudantes.
O que certamente deverá ser adquirido em quantidades avultadas.
Apesar das dificuldades, a maioria das escolas é favorável o regresso às aulas presenciais ou semi-presenciais.
Tudo para assegurar o direito à Educação e a proteção das crianças, posição defendida pela Rede EPT-Angola e o Mosaiko.
As duas instituições consideram, no relatório, que o encerramento das escolas “deixa as crianças e jovens marginalizados ainda mais para trás” em termos de acesso à educação e aprendizagem.

Recorde-se que Angola suspendeu as aulas em março.
Isso logo após serem notificados os primeiros casos de covid-19 no país.
Actualmente o país tem um total de 3439 casos de infecção pelo novo coronavírus.
Sendo destes 1979 activos, 1324 recuperados e 136 mortes.
E o regresso às aulas presenciais está previsto a partir de 05 de outubro.
A ocorrer de forma faseada, para os diferentes graus de ensino.

Estudo comprova que mais de 90% das escolas angolanas estão sem condições para regresso às aulas
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